Piauí é o terceiro estado em produção de energia eólica no Brasil. Parques eólicos geram empregos e trazem renda para o semiárido do Piauí.
Parques eólicos se destacam em meio as belezas do Piauí
(Foto: Reprodução/TV Clube)
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O Bom Dia Piauí estreou nesta sexta-feira
(22) a série "Riquezas do Piauí", que vai abordar em reportagens
especiais, as potencialidades e riquezas da nossa região. No primeiro episódio
da série, a equipe de reportagem mostrou que o estado ocupa o terceiro lugar no
ranking dos maiores produtores de energia eólica do Brasil.
O Piauí perde apenas para os estados da Bahia e Rio
Grande do Norte. Além disso, há a expectativa de que novas empresas possam se
instalar no território piauiense.
A primeira parada para mostrar como os ventos ajudaram
a transformar o cenário piauiense aconteceu na divisa com Pernambuco.
No alto da serra, é possível ver as 317 torres, que não não chamam atenção apenas pelo tamanho, mas também pela transformação social proporcionada no Sul do Piauí. Marcolândia tem hoje o maior Parque Eólico do estado, fato que mudou a vida de alguns piauienses.
No alto da serra, é possível ver as 317 torres, que não não chamam atenção apenas pelo tamanho, mas também pela transformação social proporcionada no Sul do Piauí. Marcolândia tem hoje o maior Parque Eólico do estado, fato que mudou a vida de alguns piauienses.
Mais de R$ 10 mil foram investidos durante os dois
últimos anos por companhias brasileiras e internacionais que exploram energia
limpa e renováveis. O agricultor Evanir José Macedo comemora a mudanças que
aconteceram em sua vida após a chegada da energia eólica. "Hoje temos uma
casa melhor, segurança, estrada e ganhamos R$1.250 por mês", disse.
Parques eólicos se destacam em meio as belezas do Piauí (Foto: Reprodução/TV Clube) |
O dinheiro que os agricultores recebem é referente
ao aluguel das terras para a instalação dos aerogeradores. Alguns moradores
ganham valores acima de R$ 3 mil, isso sem falar nos empregos que absorveram
parte da mão-de-obra do local.
Reginaldo de Carvalho, ajudante de eletricista, é
uma destas pessoas. "Agora eu ganho bem mais do que quando trabalhava fora
do estado. O bom é que vivo perto da minha família", contou.
Parte da energia gerada pelo parque é destinada ao
Piauí, o excedente, inserido no sistema nacional de distribuição, mas se engana
quem pensa que os ventos estão a favor apenas deste lado do Piauí.
Ômega Energia |
Transformação também no Litoral
Da região Sul do Piauí, a equipe de reportagem se
deslocou para o Litoral, onde os ventos são mais fortes e proporcionou mais
transformações. O parque eólico na Praia Pedra do Sal, em Parnaíba, é um
complexo formado por duas empresas que exploram a geração de energia,
utilizando a força dos ventos, matéria-prima que por aqui tem de sobra.
O diretor geral da Ômega Energia, Geraldo Ney,
comentou os fatores que possibilitaram a instalação do parque na Pedra do Sal.
"Para se instalar um parque eólico temos que
verificar a qualidade do vento, a constância e a direção. Temos que ter uma
logística pronta para trazer os equipamentos deste tamanho. Além disso, é
necessário um sistema elétrico para poder transportar a energia. E temos tudo
isso neste local", falou.
A colocação dos aerogerados há pelo menos cinco
anos, mudou a paisagem desta parte do litoral. Isso é resultado dos
investimentos das companhias que se instalaram por lá. As primeiras torres
começaram a operar em 2014, gerando 70 megawatts de energia, isso é energia
suficiente para abastecer uma cidade com 175 mil habitantes. No embalo dos bons
ventos, a expansão do negócio continua.
Desde 2013 já foram investidos mais de R$ 700 mil e
este trabalho continua, já que as obras de expansão do ciclo 2 estão em
andamento.
Quando delta 1 e delta 2, como são chamados os
conjuntos de aerogeradores estiverem operando juntos, a energia gerada será
suficiente para abastecer uma cidade com 650 mil habitantes, ou seja, quatro
vezes mais, que a população de Parnaíba.
"Esta região será uma exportadora de energia,
na prática nós estamos melhorando e muito a qualidade de energia desta
região", destacou.
Para conseguir se instalar na região, as empresas
que exploram a geração de energia eólica no litoral do Piauí tiveram que
cumprir uma série de exigências dos órgãos ambientais. Uma delas foi criar
ações que minimizassem os impactos, trazido pela instalação das torres, é como
se fosse uma espécie de compensação. Feito isso, foi hora de buscar
mão-de-obra, de preferência ali mesmo na comunidade.
Helder Porto é engenheiro eletricista (Foto: Reprodução/TV Clube) |
Qualificação e empregabilidade
Uma das moradoras que foi beneficiada foi Danielle
de Araújo, auxiliar de segurança em Meio Ambiente, afirmou que após a chegada
do parque pode trabalhar perto da família e ganhar melhor.
Segundo dados da empresa, cerca de 60% da mão de
obra do parque é formado por moradores de Parnaíba. Funcionários de todos
os setores, e vários níveis de formação, como Helder Porto, que é engenheiro
eletricista e hoje ocupa um cargo de gerência na companhia.
“Nós estamos oferecendo em parceria com estado um
curso de técnico de energia renováveis. O objetivo é qualificar a mão de obra
da região para absolvê-la”, comentou.
Junto com o progresso, veio a geração de emprego,
mas é preciso lembrar que toda mudança traz consequências e não foi diferente,
pois com uma população predominantemente extrativista, a instalação do parque
mudou hábitos e levou os moradores a se acostumar com uma nova realidade.
“As pessoas que moram na região sofreram o impacto
porque eles vivem da pesca e do extrativismo e tiveram dificuldades de
continuar com alguns mecanismo como fonte de renda. Neste caso, a prefeitura
fez um diálogo com a empresa e a comunidade em busca de consenso e estamos
aprendendo a conviver com esse impacto”, avaliou o prefeito Florentino Neto.
E ainda há outros desafios a serem vencidos. Um
deles é fazer com que os tributos pagos pela geração desse tipo de energia,
possam ser direcionados para os municípios, onde as geradoras estão instaladas.
O Instituto Federal do Piauí (IFPI) já oferece o
curso de técnico em energia renováveis. O curso é uma iniciativa do
Pronatec, em parceria com o governo do estado e uma das empresas que atua no
parque eólico. A ideia é que elas absorvam a mão-de-obra, já que os parques
estão em franca expansão.
“São duas turmas com 40 alunos cada. É lógico que a
empresa não vai contratar todos, mas acreditamos que uma parte da mão-de-obra
será absolvida”, disse Paulo Malveira, coordenador adjunto do Pronatec.
Foi pensando nas futuras oportunidades que Renan
Brito se inscreveu no curso para a formação de técnicos. “Eu escolhi este curso
que estar crescendo e vejo que terei muita oportunidade”, disse.
“Nós temos um corredor de vento que vai do Norte ao
Sul do estado. Este corredor tem um potencial enorme e isso pode nos tornar o
maior gerador de energia renováveis da América Latina no futuro”, comentou Luís
Coelho, secretário de Mineração, Petróleo e Energia Renováveis.
Não é à toa, que hoje, energia produzida pela força
dos ventos, em todos os todos os parques instalados em território piauiense já
é maior que a demanda de um estado, como o nosso, talvez por isso, aquela
conhecida expressão de vento em popa, faça tão sentido por aqui.
Fonte: G1 P
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